Opinião

UM EXEMPLO DE QUE QUANDO UNIDAS, AS COMUNIDADES BRASILEIRAS NÃO PRECISAM ESMOLAR POR OBRAS CARAS E DEMORADAS

Por Sérgio Pires — Opinião de Primeira

Era uma vez uma ponte. Ela era vital para a pequena comunidade de menos de quatro mil habitantes. Passava sobre um rio e ligava todos ao restante do mundo, mesmo do seu pequeno mundo na serra gaúcha. Em setembro do ano passado, a pequena cidade de Nova Roma do Sul, ao lado da cidade maior, de Farroupilha, ficou isolada, quando uma das mais violentas enchentes do rio das Antas levou a antiga ponte, centenária.

O desespero tomou conta de todos. Agora, para chegar e sair da cidade tinha-se que fazer uma volta de mais de duas horas de estradas secundárias ou utilizar uma balsa, impossível de manobrar se o rio estiver cheio. O que fez o povo de Nova Roma? Correu para o Palácio do Governo, a pedir socorro. Tempos depois, chegou a resposta: a nova ponte estava prometida para 2026, ao custo de 26 milhões de reais.

O governador Eduardo Leite disse que não havia tanto dinheiro e que precisaria recorrer ao Governo Federal. Mas os nova-romenses não aceitaram. Não desistiram. Uniram-se em bingos, sorteios, mobilizaram a toda a comunidade e aos vizinhos e, em poucos meses, conseguiram levantar bem mais do que seis milhões de reais (isso mesmo, seis milhões e não os 26 projetados pelo governo gaúcho) e eles mesmos construíram sua ponte, igual a anterior, provisória, mas que resolveria o problema de imediato.

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A inauguraram, com passeata, festa e benção do padre na manhã de um sábado, dia 20 deste janeiro, menos de seis meses depois da obra iniciada.

É a maior, melhor e mais segura ponte do mundo? Claro que não é. Mas ela, dá sim segurança ao tráfego e aos transeuntes e voltou a ligar a pequena comunidade ao mundo. O exemplo explodiu na mídia nacional e até em outros países. Uma pequena comunidade, unida e abraçada, mostrou aos governantes que todas as dificuldades, toda a burocracia, toda a fortuna que seria gasta numa obra de três anos, no mínimo, e que custou quase quatro vezes e meia menos, resolveu o problema. Um paliativo, mas resolveu!

Parecendo um pouco envergonhado, o Governador dos gaúchos gravou um vídeo, afirmando, entre outras coisas, que o que aconteceu em Nova Roma do Sul “é uma inspiração para todos nós”. Disse que o Estado ainda construirá uma nova ponte, maior, de concreto, com via dupla”. Acrescentou que “mesmo mais demorada, esta ponte que construiremos vai resolver definitivamente o problema”. Mas teve que reconhecer que o problema está solucionado. Nova Roma provou que dá para fazer uma obra dessas, em muito menos tempos e custo muito menor.

Acrescente-se: se os brasileiros entendessem toda a sua força, quando unidos como o fez a pequena comunidade gaúcha, não precisaríamos esmolar nos governos dos Estados e em Brasília, para termos as soluções de muitos dos nossos problemas. A questão é: quantas Nova Roma do Sul existem no Brasil?

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