Opinião

Celso de Mello: “o juiz de merda”

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A frase é conhecida no meio político e ficou famosa relatada no livro “Código da Vida”, de Saulo Ramos, ex-ministro da justiça, há época, que foi grande responsável pela nomeação de Celso de Mello para o STF no então Governo Sarney.

Assim que Sarney deixou a Presidência da República- 1990- resolveu, como bom político de carreira, tentar sua candidatura ao Senado. Inicialmente, Sarney tentou concorrer pelo PMDB no estado do Maranhão, porém o partido negou-lhe a legenda. como não queria largar “as tetas do Estado”, candidatou-se pelo Amapá. Houve impugnações em relação ao domicílio, e o caso foi parar no STF.

Segundo Saulo Ramos relata em seu livro, o STF estava em recesso, estando somente Marco Aurélio e seu Fiel escudeiro, o então ministro Celso de Mello. Dias antes do julgamento Saulo recebe uma ligação do ministro dizendo “O processo do Presidente será distribuído amanhã. Em Brasília, somente estão por aqui dois ministros: o Marco Aurélio de Mello e eu. Tenho receio de que caia com ele, primo do Presidente Collor. Não sei como vai considerar a questão”.

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Realmente como temia o atual ministro, o processo caiu nas mãos de Marco Aurélio, que de pronto concedeu liminar, mantendo a candidatura de Sarney pelo Amapá. Dias antes da votação, O “jornal” Folha de São Paulo publicou uma matéria afirmando que Celso de Mello iria votar a favor do ex-presidente e manter sua candidatura. Para a surpresa de todos, o ministro votou pela cassação da candidatura de Sarney.

Deus do céu! O que deu no garoto? Estava preocupado com a distribuição do processo para a apreciação da liminar, afirmando que a concederia em favor da tese de Sarney, e, agora, no mérito, vota contra e fica vencido no plenário. O que aconteceu? Não teve sequer a gentileza, ou habilidade, de dar-se por impedido. Votou contra o Presidente que o nomeara, depois de ter demonstrado grande preocupação com a hipótese de Marco Aurélio ser o relator,” questionou Saulo Ramos.

Na mesmo hora, Celso de Mello ligou para Saulo para dar-lhe explicações sobre seu voto:

Dr Saulo, o senhor deve ter estranhado meu voto no caso do presidente.

Claro, o que deu em você?

É que a Folha de S.Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles. Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a Folha de S. Paulo. Mas fique tranqüilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.

Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de S. Paulo noticiou que você votaria a favor?

Sim

E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?

Exatamente. O senhor entendeu?

Entendi. Entendi que você é um juiz de merda! Bati o telefone e nunca mais falei com ele.

Por Joéliton Menezes

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