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EUA oferecem recompensa de R$ 10 milhões por informações sobre Hezbollah no Brasil

Ação foi replicada no Paraguai e na Argentina no mesmo dia em que almirante chefe do SouthCom desembarcou em Brasília; militares veem ‘provocação’ e ‘precedente perigoso’

A Embaixada dos EUA em Brasília tornou pública nesta segunda-feira, dia 19, a oferta de uma recompensa de até R$ 10 milhões para quem fornecer informações sobre “mecanismos financeiros Hezbollah na área da Tríplice Fronteira”. O texto pede que o informante “entre em contato” com o serviço de segurança do Departamento de Estado americano e afirma: ”você pode se qualificar para uma recompensa e relocação”.

A iniciativa aconteceu no dia em que o almirante Alvin Holsey, chefe do SouthCom, o comando Sul das Forças Armadas dos EUA, desembarcou em Brasília para uma visita de três dias, quando deve se encontrar com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e com os comandantes das três Forças: Marinha, Exército e Aeronáutica. E causou mal-estar entre os militares brasileiros ouvidos pelo Estadão.

Sob a condição de anonimato, generais afirmaram que a oferta de recompensa soou como provocação e compromete o diálogo e a cooperação com o governo americano, que parece preferir a “lacração de internet” ao trabalho sério com os países da região. As embaixadas americanas no Paraguai e na Argentina reproduziram a mesma publicação.

Na terça-feira, Holsey será recebido pelo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O almirante havia solicitado visitar uma unidade do Exército brasileiro na fronteira com outros países da região amazônica, mas o comando do Exército informou ao americano que ele teria de ser recebido no Comando Militar da Amazônia, o que o fez cancelar seus planos de ir à região.

O Hezbollah é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos. Ele atua como um partido político armado ligado à comunidade xiita no Líbano sob o pretexto de combater a ação de Israel na região.

O almirante Alvin Holsey, do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, chegou hoje a Brasília para uma visita de três Foto: Air Force Master Sergeant Lionel Castellano

O desconforto dos militares se deve ao fato de a região da Tríplice Fronteira fazer parte da área em que a Força terrestre tem o poder de polícia – a faixa que se estende até cem quilômetros das fronteiras do País – e desempenha de forma integrada com a Polícia Federal e outras instituições controle do crime transnacional.

Mais ainda. Teme-se que os americanos violem a soberania nacional patrocinando operações ilegais no Brasil para atingir alvos aqui, como fazem em outras regiões do planeta, ou mesmo com a presença de pessoal, como recentemente foi feito na Venezuela, para retirar opositores do ditador Nicolás Maduro que estavam abrigados na embaixada Argentina, sob a guarda do Brasil, sem que o Itamaraty tivesse sido previamente informado.

A publicação da embaixada americana foi feita em português e afirmava que as redes do Hezbollah na América do Sul, especialmente na tríplice Fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai “tem gerado receita por meio da lavagem de dinheiro, tráfico de narcóticos, falsificação de dólares americanos, comércio ilícito de diamantes e contrabando de dinheiro, petróleo, carvão e cigarros.

Ela também acusa o grupo libanês de se envolver em atividades comerciais, como construção civil, venda de imóveis e no comércio exterior. Para quem tiver informações sobre as atividades financeiras do Hezbollah na região, a embaixada pede que contatem o serviço de segurança do departamento de estado por meio de mensagem pelo Signal, Telegram e pelo WhatsApp ou por meio do disque-denúncia do órgão.

Ligação com o PCC

Em 2023, o Estadão revelou que o traficante turco Eray Uç foi preso em Santos usando a identidade de seu irmão, Garip. Eray era conhecido não só da Drug Enforcement Administration, (DEA) a agência antidroga americana, mas também das principais agências de combate ao terrorismo no mundo.

O químico turco Eray Uç, preso com a identidade do irmão, Garip, e condenado pela Justiça por tráfico de drogas: ele seria o químico do PCC, responsável por produzir o Dry Marroquino Foto: Polícia Civil

Tudo porque ele era acusado de participar de uma rede internacional de traficantes de drogas que entregava ao Hezbollah parte de seus lucros em troca de proteção para atuar no Oriente Médio. Eray fugira da prisão no Paraguai em 2017, onde estava encarcerado sob a acusação de participar da rede que seria liderada por Ali Issa Chamas, também detido no Paraguai e extraditado para os Estados Unidos.

Em audiência de 17 de abril de 2018, do Subcomitê de Contraterrorismo e Inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA, Chamas e Eray foram citados em razão dos pagamentos ao Hezbollah, no Líbano, que usaria o dinheiro para comprar armas. No Brasil, Eray se aliara ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para instalar um laboratório a fim de produzir o Dry Marroquino, um tipo de haxixe em Santos, no litoral de São Paulo.

As informações são do ESTADÃO

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